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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A sós com Jesus.


Ficaram só, Jesus e a mulher” Jo. 8:9c
Todos nós precisamos de um momento a sós com Jesus. Está a sós é estar a vontade para falar abertamente. Quando ficamos a sós com Jesus temos a oportunidade de derramar diante dele todos os nossos complexos, frustrações, traumas, pecados, desejos… EX: Em Gênesis 32:22-32- A experiência do a sós com Deus, possibilitou mudanças estruturais na vida de Jacó.
A expressão “ficaram só” é importantíssima no texto. Havia ali muitos acusadores, muitas pessoas e muitas vozes motivadas pelo falso moralismo religioso, uma motivação que estrangulava a graça de Deus. Após a sentença de Jesus que remeteu os acusadores daquela mulher para o tribunal de suas consciências, Jesus pode ficar a sós com aquela mulher para colocá-la no divã da graça e da misericórdia divina.
Gostaria de examinar o diálogo de Jesus com aquela mulher. O que acontece quando ficamos a sós com Jesus?

1-ACEITAÇÃO EMPÁTICA “Então Jesus endireitou o corpo”

Esta expressão aparece duas vezes no texto. Na Primeira ocorrência, Jesus endireita o seu corpo para emitir a sua sentença de Juízo sobre aqueles que tentavam estrangular e sufocar a graça de Deus e para tanto utilizam até mesmo textos bíblicos com interpretações deturpadas para se fazerem juizes dos demais. O texto aponta para uma batalha hermenêutica. Os fariseus preparam uma armadilha teológica para Jesus, mas ela foi desbarata com o discernimento da espírito/verdade da palavra. Deste modo, quem não sabe discernir o espírito da lei só poderá carregar pedras nas mãos. Eles queriam apedrejá-la, pois a condenação dela seria o alivio deles (a mulher adultera assumiria o papel de bode expiatório- ela precisava morrer para expiar a culpa deles). A retirada deles após a sentença de Jesus é vergonhosa e cômica. A graça exorciza a falsa moralidade, a auto-justificação. O sistema que declarava a morte dela desapareceu.
Na segunda ocorrência, ele se endireita, ou seja, muda de postura para dialogar com aquela mulher. Dialogar é incluir o outro no nosso universo significativo de relações. A mulher naquela sociedade não tinha voz, nem vez. Mas, a sós com Jesus ela pode falar, desabafar, confessar… Jesus afirma a dignidade dela. Jesus se endireita para falar com ela. Isto sinaliza que Jesus se preocupa com as nossas questões, decepções, problemas, traumas. Ele não se relaciona conosco de qualquer jeito, Ele não é indiferente à nós. O olhar e postura de Jesus são sinais de aceitação. Jesus a inclui no projeto da graça, no Reino do Pai.
2- PERDÃO LIBERTADOR “nem eu te condeno”
Este episódio se dá no contexto da festa das tendas, ou, como era popularmente conhecida, festa da luz. Por ocasião da festa os judeus acediam os candelabros nas primeiras horas da manhã. Entretanto, Jesus chega antes do pôr-do-sol. Jesus, a luz verdadeira, chega antes da pseudo-luz, e iluminará a todos através do seu ensino de vida.  É digno de nota o deslocamento espacial de Jesus. Jesus passou a noite no monte das oliveiras antes de ir para o templo. O monte das oliveiras representa um lugar de adesão ao projeto de Deus. Já o templo representa um lugar de denuncia.
A palavra de Jesus relativizou as sentenças religiosas, opressoras, condenatórias e excludentes. Aquela mulher estava aprisionada nas suas culpas. Ela era um objeto do prazer masculino, era vitima de uma sociedade patriarcal e androcêntrica. Aquela sempre encontrara homens interessados no seu corpo, mas ali estava alguém interessado em sua vida.
O perdão de Jesus instaura naquela que era objeto, a consciência de um ser aceito e amado por Deus. Toda condenação aprisiona, enclausura, entretanto, o perdão liberta, clareia os caminhos da vida.  Na perspectiva de Jesus, não se destrói o mal eliminando quem cometeu e sim oferecendo a quem pecou, condições de vida nova e plena.
3-REDIMENSIONAMENTO DE VIDA “Vai e não peques mais”
Redimensionar é desenhar a vida a partir de novas dimensões, perspectivas etc. A sós com Jesus temos a oportunidade de trazer um novo colorido para as nossas vidas. Jesus mesmo faz isso (transforma o ser, trazendo o colorido da graça), mas não exclui a nossa participação na (re) construção do nosso Ser.
“Vai”, Jesus não sufoca a liberdade humana, pelo contrário ele a afirma. “Não peques mais”, viver pecando é negar a liberdade que alcançamos na graça. O pecado escraviza vitimiza, aliena. A liberdade é afirmação do SER que em Cristo se tornou FILHO DA GRAÇA.

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